quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

sem rumo...


Acordei com a tua mão sobre a minha barriga, olhei para ti e sorri. Tu sorris-te para mim e disseste que eu era a mulher da tua vida, e que estava destinado ser a mãe dos teus filhos e aquela que estaria junto de ti nos bons e maus momentos para o resto da tua vida. Disses-te que já eras o homem mais feliz do mundo, que se o mundo acabasse agora irias morrer feliz. Eu tapei a tua boca, não queria que dissesses mais nada, parecia uma despedida. Mas continuas-te, disseste que eu tinha que saber o quanto me amavas e que te ia dar a coisa mais bonita deste mundo, um filho. Esse seria o símbolo do nosso amor, o resultado de um amor verdadeiro… disseste que estes tinham sido os meses mais felizes da tua vida e que eu te tinha de prometer uma coisa, que faria de tudo para que nada acontece-se ao nosso filho. Eu não queria que falasses mais, já não estava a gostar da conversa, mas prometi. Levantei-me e quis vir embora, também te levantaste, voltei-me para trás já a chorar e disse que eras a razão do meu viver e que não conseguiria viver um dia sem ti; porque só tu me davas força para todos os dias me levantar, só tu me fazias sorrir, só tu me fazias feliz… ficamos parados a olhar um para o outro eu abracei-te com todas as minhas forças e beijei-te. Não sei que se passava ali, devíamos estar a comemorar, não a chorar!
Ainda ficamos assim algum tempo sem falar, abraçados, conseguia sentir o batimento do teu coração, estavas nervoso.
De repente o sol que nos iluminava desapareceu, o céu ficou cinzento e começou a chover. Ficamos a dançar à chuva, tu cantavas a nossa música ao meu ouvido. Depois decidiste fugir de mim, disseste que te tinha de encontrar… corri à tua procura, e não te consegui ver, comecei a chamar-te e a dizer que não estava a gostar da brincadeira. De repente sinto tuas mãos molhadas na minha cara, eu olhei para ti e olhei para o teu rosto molhado, a chuva caía. Disse-te que não queria que fugisses de mim porque tínhamos um filho para cuidar… ficamos ali mais algum tempo e mais uma vez tudo foi nosso. Adoro sentir tua respiração, teus lábios, teu toque, adoro sentir-te ao pé de mim…
Disseste que tínhamos de ir embora, pois poderia adoecer. Entramos no carro, estávamos molhados, peguei numa toalha que estava na parte de trás do carro e tentei secar o meu cabelo. Tu ficaste a olhar para mim. Perguntei-te o que se passava, passaste tua mão no meu rosto e disseste para nunca esquecer que me amavas. Eu disse que nunca me iria esquecer, porque estarias sempre a meu lado para me lembrar.
Começou a chover ainda mais, não gostava nada deste tempo! Eu ia a olhar para ti e com a minha mão sobre a minha barriga e tu às vezes olhavas para mim e sorrias. Que sorriso lindo o teu! Disse mais uma vez que te amava e que íamos começar uma vida nova junto do nosso filho.
De repente um carro foi contra o nosso, e o carro captou. Acho que fiquei desmaiada durante um tempo. Acordei cheia de dores e quando acordei estavas tu ao meu lado cheio de sangue, comecei a gritar e chamei-te. Disseste que tinha de sair dali porque o carro ia explodir. Não conseguia parar de chorar e pedir-te para que saíssemos dali os dois. Eu tentei puxar-te mas não conseguia, disseste pare eu sair dali. Mas disse que não saia dali sem ti. Ou saía contigo ou ficávamos ali os dois. Pegaste na minha mão e pediste por favor, disseste para me lembrar da promessa que te tinha feito, eu prometi fazer de tudo para que nada acontece-se ao nosso filho. Mas naquele momento só pensava em ti. Tu voltaste a implorar para que saísse do carro. Eu não queria, quando estava a tentar sair vi que o cinto estava preso, não sei como, mas tu conseguiste soltar-me. E eu estava a rezar para que não o conseguisses, porque assim não poderia ficar a teu lado. Antes de sair beijei-te; tu sangravas muito, voltaste a dizer para nunca me esquecer de ti e para tomar conta do nosso menino. Eu disse que ia pedir ajuda e que íamos estar juntos. Disse que ainda tínhamos muito para viver! As lágrimas percorriam meu rosto, era inevitável, o cheiro a gasolina era imenso, voltas-te a pedir que saísse. Voltei a beijar-te e dissemos amo-te ao mesmo tempo; piscaste-me o olho. Fiquei confiante e sai do carro. Mal conseguia andar um senhor foi ter comigo e afastou-me do carro, avisou-me que a ambulância já estava caminho. Eu pedi para te irem buscar mas ninguém quis, eu voltei a gritar disse que la dentro estava pai do meu filho e o homem da minha vida mas o que me disseram foi: menina o carro vai explodir, eu também tenho filhos, não posso. Resta-nos esperar e rezar para que cheguem a tempo.
Voltei a implorar e quis voltar para dentro do carro, mas não me deixaram.
De repente, começo a ouvir a ambulância, os bombeiros…mas também ouvi uma explosão era o nosso carro. Eu gritei e tentei ir até la, o senhor continuava agarrar-me, deu-me uma dor muito forte e vi que estava a sangrar. Estava a ver o meu filho e o amor da minha vida a morrer e eu sem fazer nada. As dores eram muitas, mas o meu peito doía mais… eu vi tudo à minha frente. Ainda tinha esperanças de te ver a minha frente. Mas não, perguntei a Deus porque me fizera isto. Um amor tão grande não devia ser destruído. As dores tornavam-se mais fortes, eu não conseguia parar de gritar…
Acordei umas horas depois, já estava no hospital. Quando acordei a enfermeira disse que ia chamar o doutor. Eu perguntei pelo meu filho e ela sorriu e disse que ele estava bem. Olhei para o lado e as lágrimas voltaram, mas um sorriso também, pois nada tinha acontecido ao nosso filho. O doutor chegou e explicou que estava tudo bem comigo e com o menino, no entanto tinha que estar de repouso. Perguntei por ti… deram-me os sentimentos e pediram-me desculpa, mas o carro ardeu e seu marido estava la dentro. Não aguentei, desejei a minha morte, não conseguia perceber tal crueldade. Na minha cabeça estavam as tuas últimas palavras, parecia que sabias o que ia acontecer…
Senti-me perdida, sem rumo, sem vida, sem sentido… sem apoio… só com uma razão para viver o nosso filho. O fruto do nosso amor ficou… tu deste-me este presente, para alem das nossas recordações fiquei com a prova da nossa linda história. Não me esqueço que salvas-te as nossas vidas.
Não sei se vou aguentar, ainda tenho esperanças que isto seja um pesadelo e que acabe por acordar e olhar para o lado e ver-te dormir… mas desta vez é a pura realidade…
Agora resta-me viver sem ti…como? Não sei…

1 comentário:

Vânia Oliveira disse...

Sem palavras mesmo... acho que nem te consigo descrever o que acho... Lindo, lindo, lindo...digno de filme amiga lol
Esta bonito demais... embora seja só um pesadelo, pois na verdade a história não acaba aqui nem assim!!!